Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) está à frente de uma das mais importantes inovações tecnológicas na área ambiental no Brasil: o desenvolvimento de um Sistema de Detecção de Derramamento de Óleo em Tempo Real, capaz de monitorar e identificar rapidamente a presença de óleo no mar, minimizando o impacto de desastres ambientais.
Por Juba Paixão
O sistema, desenvolvido por uma equipe de cientistas do Laboratório de Computação de Alto Desempenho (LCAD) da Ufes, utiliza inteligência artificial e análise de dados em tempo real para detectar manchas de óleo no oceano.
A tecnologia tem sido fundamental para prevenir e reduzir danos ambientais causados por derramamentos, como o que ocorreu na costa brasileira em 2019, considerado um dos maiores desastres ecológicos da história do país.
A tecnologia
O sistema inovador combina imagens de satélite e dados de drones com algoritmos avançados de inteligência artificial. Esses algoritmos analisam as imagens capturadas para identificar padrões que indicam a presença de óleo na superfície do oceano.
Uma vez detectado, o sistema alerta automaticamente as autoridades e equipes de resposta para que possam agir rapidamente e mitigar os impactos ambientais.
O objetivo é criar uma solução que permita a detecção mais rápida possível de vazamentos de óleo. O tempo de resposta é crucial em casos de derramamento de óleo. Segundo os pesquisadores, cada hora de atraso na detecção aumenta significativamente o dano ao ecossistema marinho.
O sistema foi inicialmente testado em simulações e ambientes controlados, mas já está em uso por agências ambientais brasileiras e empresas do setor de petróleo e gás.
Durante os testes, a tecnologia mostrou ser capaz de detectar manchas de óleo com até 95% de precisão, superando métodos tradicionais de monitoramento, que dependem de observações manuais e que, muitas vezes, resultam em atrasos.
A equipe de pesquisa, afirma que essa precisão é resultado do uso combinado de aprendizado de máquina e grandes volumes de dados geoespaciais. Os pesquisadores afirmam que o sistema pode analisar grandes áreas de superfície marítima muito mais rápido do que uma equipe humana, e com um nível de detalhe que antes era impossível.
Impacto ambiental e futuro da tecnologia
O derramamento de óleo que atingiu o litoral brasileiro em 2019 afetou mais de 3.000 km de costa, danificando irreversivelmente ecossistemas locais e afetando a economia de pescadores e comunidades costeiras. Na época, a falta de tecnologias eficientes de monitoramento dificultou a resposta rápida, resultando em danos ambientais catastróficos. A inovação da Ufes promete transformar esse cenário.
A tecnologia não apenas pode ser aplicada no Brasil, mas tem potencial para ser utilizada em todo o mundo, especialmente em regiões com alto tráfego de navios petroleiros e plataformas de petróleo offshore.
O próximo passo, segundo os pesquisadores, é expandir o uso do sistema para áreas internacionais, integrando ainda mais fontes de dados, como sensores atmosféricos e marítimos, para aprimorar a capacidade de detecção.
Além disso, a equipe está explorando o uso de impressoras 3D para desenvolver robôs subaquáticos que possam auxiliar na contenção do óleo, identificando rapidamente as fontes de vazamento e realizando pequenos reparos.
Reconhecimento e parcerias
O projeto tem recebido reconhecimento internacional e foi destaque em conferências sobre inovação tecnológica e sustentabilidade ambiental. Recentemente, o sistema foi premiado no Congresso Brasileiro de Computação Aplicada à Gestão Sustentável, realizado em 2023, e recebeu o apoio da Petrobras, que está financiando novos estudos para aprimorar a detecção e resposta a desastres ambientais.
A inovação da Ufes na criação do Sistema de Detecção de Derramamento de Óleo em Tempo Real mostra que a ciência e a tecnologia têm o poder de transformar a resposta a desastres ambientais, reduzindo drasticamente os impactos sobre a natureza.
O uso de inteligência artificial para monitorar o oceano em tempo real é um avanço que coloca o Brasil na vanguarda do desenvolvimento sustentável e da preservação dos mares. Com mais investimentos e parcerias estratégicas, essa tecnologia pode se tornar a linha de frente na proteção dos ecossistemas marinhos ao redor do mundo.
Fontes:
Comunicação Institucional da Fest
Congresso Brasileiro de Computação Aplicada à Gestão Sustentável, 2023
Instituto Brasileiro de Proteção Ambiental (IBPA)