O Conselho Regional de Enfermagem do Espírito Santo (Coren-ES) realizou, no último dia 14, o curso “Atendimento ao Paciente com Coagulopatias Raras”, no Hospital Estadual de Urgência e Emergência São Lucas.
Por Juba Paixão
A iniciativa, que contou com a presença de importantes líderes regionais, teve como objetivo aprimorar o atendimento aos pacientes com condições como hemofilia e outras coagulopatias raras, além de discutir o diagnóstico e os avanços no tratamento no Brasil e no mundo.
De acordo com o presidente do Coren-ES, Wilton José Patrício, o curso reafirma o compromisso com a qualidade da assistência:
A capacitação dos profissionais de Enfermagem é essencial para garantir que esses pacientes recebam o cuidado adequado, com segurança e dignidade”, observa Wilton.
Além do treinamento local, os avanços globais em diagnóstico e tratamento mostram um cenário promissor, com o uso de terapias gênicas, medicamentos inovadores, e novas abordagens tecnológicas para cuidar de pessoas com essas condições.
O que são coagulopatias raras?
Coagulopatias raras são distúrbios hereditários ou adquiridos que afetam a coagulação do sangue.
Entre as mais comuns estão a hemofilia A e B e a Doença de Von Willebrand (DVW). Elas resultam da deficiência ou ausência de fatores de coagulação, podendo levar a episódios de sangramento espontâneo e prolongado, especialmente em articulações, músculos e órgãos internos.
Diagnóstico e Tratamento no Brasil
No Brasil, o diagnóstico dessas condições é realizado principalmente nos hemocentros estaduais, utilizando testes laboratoriais como o tempo de protrombina (TP) e tempo de tromboplastina parcial ativada (TTPA). O tratamento é focado na reposição de fatores de coagulação específicos, como fatores VIII e IX. Recentemente, o sistema “Hemovida Web Coagulopatias” do Ministério da Saúde tem sido uma ferramenta crucial no registro e acompanhamento de pacientes com essas condições.
Inovações no tratamento mundial
Globalmente, há avanços significativos no manejo dessas condições:
Terapia gênica: em fase experimental, visa corrigir a mutação genética subjacente à deficiência de fatores de coagulação.
Hemofilia A e B: novos concentrados de fatores de coagulação de longa duração e medicamentos subcutâneos, como o emicizumabe, que imita a função do fator VIII.
Medicamentos antifibrinolíticos: complementam a reposição de fatores, controlando sangramentos menores.
Terapias baseadas em RNA: estão sendo desenvolvidas para regular a expressão de genes relacionados à coagulação.
Panorama no Espírito Santo
De acordo com dados mais recentes, o Espírito Santo registra 1.076 portadores de coagulopatias, incluindo 339 com hemofilia A, 120 com hemofilia B, 218 com DVW e 390 com outras coagulapatias raras. Apesar disso, a rede estadual ainda enfrenta desafios, como a falta de profissionais hematologistas no sul do estado e problemas de acesso ao atendimento especializado.
Perspectivas futuras
Com os avanços científicos e uma maior integração entre pesquisa e prática clínica, espera-se que novas terapias possam melhorar significativamente a qualidade de vida dos portadores de coagulopatias raras. Além disso, estratégias regionais, como as do Espírito Santo, podem ser aprimoradas com maior investimento e políticas públicas de saúde específicas.
Fontes:
Associação Brasileira de Hematologia e Hemoterapia (ABHH)
Ministério da Saúde – Hemovida Web Coagulopatias
Dados apresentados pelo Coren-ES e o Hospital Estadual de Urgência e Emergência São Lucas.