A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), unidade da Bahia, iniciou um marco na ciência brasileira ao anunciar o ensaio clínico de terapias avançadas para tratamento de paraplegia.
Por Juba Paixão
Coordenado pela pesquisadora Milena Soares, o estudo tem como base o uso de células-tronco, sendo aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em novembro de 2024, após rigorosa análise dos dossiês apresentados.
Para a realização de qualquer estudo clínico envolvendo terapias avançadas, é necessário primeiramente a aprovação da Anvisa, e essa é uma notícia importante neste momento em que a Fiocruz está ampliando o programa de desenvolvimento de terapias avançadas. O Brasil é um país fortemente regulado quando se trata de terapias com uso de células, o que é importante para proteção e cuidado com a população brasileira”, afirma Milena.
O estudo reflete um esforço conjunto entre a Fiocruz e o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), através do Centro Integrado de Manufatura e Tecnologia (Cimatec), onde as células-tronco serão preparadas em laboratório certificado.
O ensaio clínico terá a duração prevista de três anos e contará com a participação de 40 pacientes, que serão tratados com células-tronco retiradas de sua própria medula óssea.
É uma linha de pesquisa que desenvolvemos há mais de 15 anos e que pretendemos validar, avaliando a eficácia e a segurança do tratamento. Caso seja demonstrado que a terapia é eficaz e segura, esperamos que ela possa ser, futuramente, oferecida no Sistema Único de Saúde (SUS) para ajudar a melhorar a qualidade de vida dessas pessoas”, explica Milena.
Perspectivas e impactos
A expectativa é que, ao longo dos três anos de estudo, os resultados possam demonstrar a segurança e a eficácia da terapia celular para paraplegia. O impacto pode ser revolucionário, trazendo novas esperanças para pacientes e abrindo caminho para a ampliação de tratamentos semelhantes no Brasil.
Com apoio da Anvisa e parcerias estratégicas, como a do Senai Cimatec, a Fiocruz reforça seu compromisso de unir ciência, inovação e responsabilidade social, consolidando sua posição como referência no desenvolvimento de terapias avançadas.
Fontes:
Fiocruz Bahia: Entrevista com a pesquisadora Milena Soares.
Anvisa: Diretrizes para terapias avançadas no Brasil.
Cenários globais: Publicações científicas sobre avanços em terapias celulares nos Estados Unidos, Japão e Alemanha.
Senai Cimatec: Informações sobre o processamento de células-tronco.