O objetivo do relatório é informar o setor mineral e incentivar pesquisas mais aprofundadas que possam confirmar ocorrências economicamente viáveis na região.
Por Juba Paixão
Os pesquisadores do Serviço Geológico do Brasil (SGB), Paulo Henrique Amorim Dias, Cassiano Costa Castro e Liliane Cristina de Albuquerque Moura Mafra, apresentaram um Informe Técnico destacando indícios promissores de mineralização no sudeste do Cráton do São Francisco, localizado em Bom Despacho, Minas Gerais. O estudo revelou a presença significativa de manganês associado a cobalto e lítio, além de níveis consideráveis de bário, níquel, cobre e zinco.
Entre as descobertas, destacam-se concentrações de manganês entre 15% e 33%, cobalto entre 7.000 e 10.000 ppm, e lítio entre 2.000 e 5.000 ppm. Essas evidências colocam o Brasil em destaque, considerando o crescente papel estratégico desses minerais em setores como energia, tecnologia e indústria.
As análises foram realizadas em rochas supergênicas, caracterizadas por processos de alteração e enriquecimento secundário.
Embora o volume das amostras seja pequeno e de extensão limitada, a presença de litioforita, um mineral raro que combina manganês e lítio, reforça o potencial único da área para futuras explorações geológicas e econômicas.
O estudo é um marco na investigação de recursos minerais no Brasil, uma vez que revelou concentrações expressivas de minerais essenciais para indústrias tecnológicas e energéticas. As amostras coletadas na região apontaram:
Manganês: teores de 15% a 33%, comumente utilizado na produção de aços e ligas metálicas devido à sua capacidade de aumentar a dureza e resistência à corrosão.
Cobalto: concentrações entre 7.000 a 10.000 ppm, essencial para baterias recarregáveis, incluindo as de veículos elétricos.
Lítio: teores de 2.000 a 5.000 ppm, fundamental na indústria de baterias de íon-lítio para eletrônicos e armazenamento de energia renovável.
Bário: amplamente usado em perfurações de poços de petróleo e gás.
Níquel: um componente-chave em aços inoxidáveis e superligas resistentes ao calor.
Cobre: vital para aplicações elétricas e eletronônicas, devido à sua alta condutividade.
Zinco: importante para galvanização, protegendo superfícies metálicas contra a corrosão.
Rochas supergênicas: contexto e importância
Os minerais foram identificados em rochas supergênicas, formadas por processos de alteração química e física de rochas originais devido à exposição à superfície terrestre. Essas rochas são cruciais para entender a distribuição de minerais em áreas de potencial econômico.
A presença de litioforita, um mineral que combina manganês e lítio, é inédita na região, o que reforça o apelo à exploração adicional. Segundo os pesquisadores, essas descobertas podem impulsionar a produção nacional de materiais essenciais à transição energética global e ao desenvolvimento tecnológico.
Localização estratégica
O estudo publicado pelo SGB serve como base para incentivar parcerias entre a iniciativa pública e privada, fomentando novas investigações e explorando o potencial geológico dessa área.
O Cráton do São Francisco, uma das mais antigas formações geológicas do Brasil, já era conhecido por sua riqueza mineral.
Contudo, esta descoberta abre novas perspectivas para o desenvolvimento sustentável e estratégico de recursos naturais, posicionando o Brasil como um player-chave no fornecimento de minerais essenciais para a transição energética e tecnológica global.
A importância desses minerais no mundo é inegável, pois sustentam tecnologias de ponta, infraestruturas e sistemas de energia limpa. O Brasil, com seu vasto potencial geológico, pode desempenhar um papel central no abastecimento de recursos minerais estratégicos, contribuindo para o desenvolvimento econômico e tecnológico global
Fontes:
Serviço Geológico do Brasil (SGB)
Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM)
Sociedade Brasileira de Geologia (SBG)