Com previsão de investimentos que ultrapassam os R$ 44 bilhões até 2030, a indústria de petróleo e gás natural no Espírito Santo consolida-se como motor estratégico da economia capixaba.
Por Juba Paixão
O dado faz parte da 8ª edição do Anuário da Indústria do Petróleo e Gás Natural no Espírito Santo, elaborado pelo Observatório da Indústria da Findes. O documento, lançado nesta terça-feira (08), traz uma radiografia do setor, com projeções de produção, arrecadação e geração de empregos, além de orientar políticas públicas e decisões empresariais.
A publicação destaca investimentos de oito empresas com atuação no Estado: Petrobras, Prio, BW Energy, ES Gás (controlada pela Energisa), Shell, Prysmian Group, EnP Ecosistemas e Imetame Energia. O maior volume de recursos virá da Petrobras, com R$ 35 bilhões aplicados em projetos de exploração e produção, com destaque para a implantação do FPSO Maria Quitéria. A Prio investirá US$ 850 milhões (cerca de R$ 4,9 bilhões) no Campo de Wahoo, enquanto a BW Energy prevê R$ 4 bilhões nas operações dos polos Golfinho e Camarupim.

Para o presidente da Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes), Paulo Baraona, a indústria de petróleo e gás se firma como um dos segmentos mais promissores da economia capixaba, sustentado por uma cadeia de fornecimento altamente qualificada.
O Espírito Santo tem a maior média salarial do país nas atividades do setor , 7% acima da média nacional. As empresas reconhecem o valor da mão de obra local”, afirma.
Segundo levantamento do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), o rendimento médio dos trabalhadores da indústria supera em 10% o dos demais setores da economia. No caso da indústria extrativa, onde está inserida a de petróleo e gás, a diferença chega a 30%.
Baraona ressalta que o anuário também serve como ferramenta para o planejamento público.
O documento oferece previsibilidade de receitas advindas da exploração de petróleo e gás, fundamentais para o desenvolvimento socioeconômico de estados e municípios”, completa.
O governador Renato Casagrande reforça o papel estratégico do setor.
Mesmo com a diversificação da economia, o petróleo e o gás permanecem como ativos importantes. Com os royalties e participações especiais, estamos financiando a transição energética e contribuindo para a proteção da Floresta Amazônica. Já alcançamos R$ 2 bilhões no Fundo Soberano”, destacou.
O vice-governador Ricardo Ferraço valorizou o protagonismo da Findes na estruturação de políticas para o setor.
A Federação tem sido essencial na organização das agendas econômicas ligadas ao petróleo e gás. Isso se reflete em resultados concretos, como a menor taxa de desemprego da história do Estado em 2024, fruto de ações articuladas com foco no desenvolvimento.”
O lançamento do anuário aconteceu no Palácio Anchieta, em Vitória (ES), com a presença do presidente da Assembleia Legislativa, Marcelo Santos, do secretário estadual de Desenvolvimento, Sérgio Vidigal, além de outras autoridades, empresários e especialistas do setor.
O anuário
O Anuário da Indústria do Petróleo e Gás Natural no Espírito Santo reúne dados estratégicos da cadeia produtiva, incluindo projeções de produção até 2030, investimentos, número de poços perfurados, arrecadação de royalties e participações especiais. Produzido desde 2017 pelo Observatório da Indústria da Findes, com apoio do Fórum Capixaba de Petróleo, Gás e Energia (FCPGE), a publicação conta com a colaboração do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), Governo do Espírito Santo, Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP), Organização Nacional da Indústria do Petróleo (Onip), Associação Brasileira dos Produtores Independentes de Petróleo e Gás (Abpip) e Empresa de Pesquisa Energética (EPE).
Números do setor no Espírito Santo
- Produção de petróleo: 154,9 mil barris por dia (3º lugar no país)
- Produção de gás natural: 3,6 milhões de m³/dia (4º lugar no país)
- Investimentos previstos até 2030: R$ 44,3 bilhões
- Participação no PIB estadual: 6%
- Valor adicionado pelo setor: R$ 10,99 bilhões
- Arrecadação de ICMS: 12,7% do total estadual
- Número de empresas da cadeia produtiva: 612 (crescimento de 8,3%)
- Empregos formais gerados: 15 mil
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Fontes
- Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP)
- Relação Anual de Informações Sociais (Rais)
- Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC)
- Secretaria da Fazenda do Espírito Santo (Sefaz-ES)
- Observatório da Indústria da Findes