1 de julho de 2025
Vitória, ES, Brasil

Ufes: raízes na lama e olhos no futuro, projeto vence prêmio ambiental

Iniciativa reconhece a restauração de ecossistemas essenciais para o equilíbrio climático e a qualidade de vida de comunidades tradicionais.

Por Juba Paixão

A Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e a Fundação Espírito-santense de Tecnologia (Fest) conquistaram o primeiro lugar nacional na categoria Filantropia, Ensino e ONGs do Prêmio Consciência Ambiental Immensitá 2025. A premiação, realizada na noite da terça-feira (3), em São Paulo, reconhece iniciativas com impacto ambiental transformador em seus setores de atuação.

O projeto vencedor, Manutenção do Estoque Natural: Experiências Compartilhadas com a Comunidade Extrativista (Enec), é desenvolvido desde janeiro de 2024 no município de Aracruz e tem como foco a restauração dos manguezais mortos nas bacias dos rios Piraquê-Mirim e Piraquê-Açu. A iniciativa surgiu após eventos climáticos extremos, como a forte chuva de granizo que devastou cerca de 600 hectares do ecossistema, comprometendo a produção de bens e serviços ambientais vitais para as comunidades locais.

Coordenado pela professora Mônica Tognella, do Departamento de Ciências Agrárias e Biológicas do campus de São Mateus, o Enec integra ciência, saber tradicional e governança participativa. Segundo a pesquisadora, mais de 200 hectares já estão em processo ativo de recuperação, com protagonismo de pescadores artesanais, marisqueiras, catadores de caranguejo e povos indígenas.

Este projeto envolveu a sociedade nos processos de conservação ambiental e de pertencimento local. A comunidade entendeu a importância dos seus recursos naturais e reconheceu que pode ser protagonista na sua preservação”, afirmou Tognella.

A relevância da ação também se justifica pela importância ecológica da região.

Pesquisas conduzidas pelo saudoso biólogo e ambientalista André Ruschi, referência nos estudos sobre os ecossistemas costeiros capixabas, identificaram que a área de Santa Cruz abriga uma das maiores biodiversidades do planeta, sendo considerada um verdadeiro berçário da vida marinha e terrestre. A degradação desses manguezais, portanto, representa um impacto que ultrapassa fronteiras locais.

Durante a cerimônia, o reitor da Ufes, Eustáquio de Castro, destacou a atuação da universidade em parceria com órgãos ambientais como ICMBio, Ministério do Meio Ambiente e a CIRM.

O prêmio mostra que estamos no caminho certo. A ciência, quando conectada à sociedade, torna-se um instrumento de transformação e equilíbrio”, afirmou.

O superintendente da Fest, Armando Biondo Filho, celebrou o reconhecimento nacional:

Esta conquista é coletiva. É fruto de um caminho construído com base na escuta e na ação conjunta entre cientistas e comunidades. A ciência precisa andar de mãos dadas com o conhecimento tradicional para que possamos enfrentar os desafios ambientais do nosso tempo”.

Além da restauração física da vegetação, o projeto também inclui o monitoramento da batimetria, do fluxo de água doce e da salinidade das bacias. Os dados obtidos têm ajudado a identificar as causas da morte do manguezal e a definir estratégias eficientes de manejo.

O projeto Enec foi selecionado por meio de edital do Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (FunBio) e conta com apoio institucional da Ufes, da Fest e de entidades locais e federais ligadas à preservação ambiental.


Fontes:
– Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes)
– Fundação Espírito-santense de Tecnologia (Fest)
– Projeto Enec
– Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (FunBio)
– Pesquisa de André Rusch (in memoriam)

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