6 de outubro de 2024
Vitória, ES, Brasil

A Ciência pela Vida: parque de Realengo e musgo que retêm água da chuva, preservam e previnem

O Parque Realengo Susana Naspolini tem mais de 3.700 árvores plantadas em uma área de 76 mil metros quadrados para combater as enchentes e amenizar o calor. O projeto é inspirado no Gardens By The Bay, de Singapura.

Por Juba Paixão

Já o musgo esfagno (Sphagnum) é capaz de reduzir consideravelmente a velocidade da água em caso de chuvas, podendo ser usado como uma ferramenta eficaz contra inundações e enxurradas.

O nome do parque é uma homenagem à jornalista Susana Naspolini, conhecida pela sua atuação no Rio de Janeiro. A profissional faleceu em 2022 em decorrência de um câncer.

Um bosque com sete acessos também será local de descanso e contemplação de espécies nativas da Mata Atlântica. A previsão é que o bosque ocupe 9.600 m² com o plantio de mais de 60 espécies nativas.

A ideia é que progressivamente o parque amplie significativamente sua cobertura vegetal.

Captação de água da chuva

Além da imensa área verde, o Parque Realengo possui um sistema de captação de água das chuvas para ajudar na prevenção de enchentes na região. De acordo com os arquitetos responsáveis, criar um sistema de infraestrutura verde e azul para lidar com a drenagem do terreno foi um dos principais focos do projeto.

Desta forma, foi construído no parque um reservatório com capacidade para receber até 290 mil litros de água. A água poderá ser reutilizada no próprio parque para irrigação dos jardins e limpeza de sanitários.

Gestão de resíduos

O parque terá espaço para o cultivo de alimentos: uma horta composta por dois viveiros, três composteiras, para transformar resíduos orgânicos em adubo, e dez canteiros.

Os resíduos sólidos gerados no local vão passar por etapas de logística, incluindo separação, acondicionamento, identificação, coleta, tratamento e armazenamento temporário, para posterior tratamento externo e disposição final devidamente licenciada.

Foram montadas no parque cinco torres metálicas, projetadas com alturas variadas e jogos de luz. As torres possuem um sistema de vaporização para amenizar o microclima da região: são 236 esguichos pulverizadores que soltam vapor de água para amenizar o calor nos dias quentes.

As torres ainda possuem jardineiras nos anéis internos para o plantio de trepadeiras nativas. Um espelho d’água com jardins aquáticos ajuda a refrescar os visitantes e um percurso elevado sobre esse espelho oferece uma experiência única. Jogos de luzes projetadas na estrutura e música prometem encantar os visitantes.

O horário de funcionamento do Parque Realengo é de terça a domingo, das 6h às 22h. A entrada principal fica na Rua Carlos Wenceslau, a apenas 14 minutos a pé da estação Realengo da SuperVia.

Outras pesquisas pelo mundo

Um estudo feito pela organização britânica Moors for the Future Partnership revelou que o plantio de musgo da espécie esfagno (Sphagnum) possuem uma estrutura celular peculiar, com poros que absorvem a água como uma esponja, permitindo que a espécie seja capaz de absorver até 20 vezes seu próprio peso em água.

Além disso, o esfagno desempenha um papel crucial ao acumular nutrientes ao longo do tempo, criando novas camadas de matéria orgânica.

Uma cobertura saudável de esfagno protege e mantém a umidade do solo abaixo, fazendo com que o solo também absorva mais água, o que retém o fluxo máximo de água nas colinas.

Esse musgo funciona como uma barreira natural, auxiliando no tempo de escoamento da água para o sistema fluvial e reduzindo o chamado “pico de fluxo”, que é a quantidade máxima de água em um rio após uma tempestade.

Esses benefícios são particularmente importantes para as comunidades que vivem nas proximidades e que são vulneráveis a inundações.

Soluções que salvam vidas

As soluções baseadas em pesquisas, como a do musgo esfagno, podem salvar vidas, especialmente em países como o Brasil, onde desastres causados por fortes chuvas são recorrentes.

Em regiões mais altas, como no Rio de Janeiro e no Espírito Santo, chuvas intensas descem das montanhas e alagam comunidades no caminho das águas e nas áreas mais baixas que recebem essa água.

Exemplos desses desastres incluem as trágicas enchentes em Petrópolis, a situação crítica em áreas vulneráveis do Espírito Santo, como Mimoso do Sul e Iconha, e também os eventos devastadores na Região Sul, onde diversas cidades enfrentaram sérios problemas com enchentes.

Esses exemplos destacam a importância de soluções preventivas eficazes que, junto com a ciência, mostram que é possível construir caminhos que evitem esses acidentes e salvem muitas vidas.

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