Os cientistas John Hopfield e Geoffrey Hinton foram premiados com o Nobel de Física de 2024, na última terça-feira (8), por suas contribuições fundamentais ao aprendizado de máquina (machine learning).
Por Juba Paixão
Hopfield, professor de Princeton, desenvolveu uma rede neural associativa que permite armazenar e reconstruir padrões complexos, enquanto Hinton, professor no Canadá, criou métodos para a IA identificar dados de forma autônoma.
Inovações e impactos
As redes neurais artificiais desenvolvidas por Hopfield e Hinton imitam o funcionamento do cérebro humano. Com base em suas pesquisas, a inteligência artificial pode “aprender” com exemplos, aprimorando suas capacidades de forma contínua. Enquanto a rede de Hopfield lidava com 30 nós, as atuais possuem trilhões de parâmetros, o que permitiu à IA evoluir de maneira exponencial nas últimas décadas.
A rede que Hopfield construiu tem nós que estão todos conectados por meio de conexões de diferentes intensidades. Cada nó pode armazenar um valor individual – no primeiro trabalho de Hopfield, isso poderia ser 0 ou 1, como os pixels em uma imagem em preto e branco”, disse o comitê, detalhando o trabalho da dupla.
Preocupações com o avanço da IA
Apesar das inovações, Hinton expressa grande preocupação com o futuro da inteligência artificial. Após sua saída do Google, ele começou a se manifestar abertamente sobre os potenciais riscos dessa tecnologia. Ele acredita que as máquinas poderão se tornar mais inteligentes que os seres humanos mais cedo do que previsto, o que traz grandes desafios éticos e de controle.
Geoffrey Hinton – Criou métodos para a IA identificar dados de forma autônoma.
Um exemplo alarmante é o caso da AI Scientist, criada pela startup japonesa Sakana (peixe em japonês) AI, que conseguiu reescrever seu próprio código, levantando preocupações sobre o potencial de autossuficiência das máquinas e os limites de controle humano sobre elas.
O Nobel de Física de 2024 não apenas celebra grandes avanços tecnológicos, mas também convida à reflexão sobre o futuro da inteligência artificial e os limites éticos e de controle dessa poderosa ferramenta.
John Hopfield – Desenvolveu uma rede neural associativa que permite armazenar e reconstruir padrões complexos.
“Os dois ganhadores do Prêmio Nobel de Física deste ano usaram ferramentas da física para desenvolver métodos que são a base do poderoso aprendizado de máquina de hoje”, disse o órgão que concedeu o prêmio em um comunicado.
A Real Academia Sueca de Ciências
Fundada em 1739, a Real Academia Sueca de Ciências tem o objetivo de promover as ciências, principalmente matemática e ciências naturais. O programa da Academia hoje é baseado em suas aulas/seções e comitês científicos, com elementos principais do programa, como cooperação internacional e programas de intercâmbio científico, publicação científica, divulgação de informações científicas ao público em geral e prestação de consultoria científica ao governo e ao parlamento.
A Academia também gerencia um projeto para estimular o interesse pela ciência e tecnologia nas escolas, administra sete institutos de pesquisa, concede bolsas de estudo e prêmios, dos quais os prêmios Nobel de Física e Química, o Prêmio Alfred Nobel de Ciências Econômicas e os prêmios Crafoord, que são os mais reconhecidos internacionalmente.
Fontes:
Real Academia Sueca de Ciências
CNN