Por Juba Paixão
À medida que a tecnologia militar avança, robôs e drones (veículo aéreo não tripulado) têm desempenhado um papel cada vez mais proeminente, substituindo soldados humanos em diversas funções no campo de batalha.
Equipados com inteligência artificial (IA) e capacidades autônomas, esses dispositivos oferecem novas possibilidades para as forças armadas em termos de reconhecimento, vigilância, ataques e logística.
A crescente dependência de robôs e drones na guerra moderna levanta preocupações sobre a desumanização do conflito armado. A distância entre os operadores e as consequências reais de suas ações pode criar uma desconexão moral e ética, levando a decisões questionáveis e a uma perda do senso de responsabilidade.
Enquanto a tecnologia militar continua a evoluir, é crucial estabelecer regulamentos e protocolos claros para garantir o uso ético e responsável de robôs e drones em conflitos armados.
É importante que a sociedade como um todo reflita sobre as implicações mais amplas dessas tecnologias e como elas estão moldando o futuro da guerra e da paz.
Guerras ao vivo
Durante o conflito na Ucrânia, drones foram utilizados por ambas as partes para reconhecimento, vigilância e ataques. As forças ucranianas e russas usaram drones para obter informações sobre as posições inimigas, monitorar movimentos de tropas e realizar ataques a alvos estratégicos.
Em 2022, a Rússia iniciou uma invasão do território ucraniano, por meio de ataques aéreos e terrestres, que também utilizou drones de ataque no seu arsenal. Esse cenário culminou no atual conflito, a guerra entre Rússia e Ucrânia, que dura até os dias atuais.
Israel enfrenta regularmente ameaças de grupos militantes na região, como o Hamas na Faixa de Gaza e o Hezbollah no Líbano. Esses grupos têm usado drones para lançar ataques contra alvos israelenses, incluindo soldados, civis e infraestrutura.
Outro exemplo foi o ataque do Hezbollah em 2019, quando drones armados foram usados para atacar alvos militares israelenses na fronteira entre Israel e Líbano.
Em 13 de abril de 2024, o Corpo da Guarda Revolucionária Islâmica do Irã junto com as Forças de Mobilização Popular do Iraque, o grupo libanês Hezbollah e os Houthis iemenitas, lançaram ataques contra Israel codinome Operação Promessa Verdadeira, usando drones, mísseis de cruzeiro e balísticos.
As imagens dos conflitos pelo mundo espalham-se pela internet e redes sociais e tornam a guerra mais próxima e cruel, por se tratar de uma arma precisa e implacável.
O mercado da guerra
Algumas empresas na vanguarda do desenvolvimento dessas tecnologias lucram com os conflitos. Conheça cinco das principais corporações:
- Boston Dynamics: Conhecida por seus impressionantes robôs bípedes e quadrúpedes, a Boston Dynamics tem trabalhado em robôs militares para diversas aplicações, incluindo transporte de carga e reconhecimento em terrenos difíceis.
- QinetiQ: Esta empresa britânica desenvolve robôs terrestres, aéreos e marítimos para uso militar. Seus robôs terrestres, como o TALON e o MAARS, são projetados para reconhecimento, desarme de bombas e segurança.
- General Atomics: Conhecida principalmente por seus drones, como o Predator e o Reaper, a General Atomics também está envolvida no desenvolvimento de sistemas robóticos terrestres, como o Robotic Combat Vehicle e o Modular Advanced Armed Robotic System (MAARS).
- Northrop Grumman: Esta gigante da indústria de defesa desenvolve uma variedade de sistemas robóticos, incluindo drones de asa fixa e rotativa, bem como robôs terrestres para aplicações militares.
- Lockheed Martin: Outro grande nome na indústria de defesa, a Lockheed Martin trabalha em uma série de projetos relacionados a robôs e drones, incluindo o desenvolvimento de sistemas autônomos para reconhecimento e ataque.
Ao substituir soldados humanos em certas funções, esses sistemas oferecem novas capacidades e desafios para militares em todo o mundo, levantando questões éticas e estratégicas sobre o futuro do combate armado.
Tecnologias de defesa contra drones
- Radar: Utiliza ondas de rádio para detectar e rastrear drones, mesmo em condições de pouca visibilidade.
- Sistemas Eletro-ópticos e Infravermelhos: Utilizam câmeras e sensores infravermelhos para detectar drones através da assinatura térmica e visual.
- Acústicos: Utilizam microfones para captar os sons característicos dos drones em voo.
- Interferência de Rádio: Bloqueia os sinais de controle e navegação do drone.
- Interferência de GPS: Bloqueia os sinais de GPS, desorientando drones que dependem dessa tecnologia.
- Lasers: Utilizados para destruir ou danificar fisicamente o drone.
- Micro-ondas de Alta Potência (HPM): Utilizadas para danificar os circuitos eletrônicos do drone.
- Mísseis e Munições Antiaéreas: Sistemas tradicionais de defesa aérea adaptados para alvos de pequeno porte.
A desumanização da guerra evolui à medida que a trajetória em desenvolver tecnologias com IA para mensurar matérias, topografias, temperaturas em áreas de risco ou mesmo inspeção nos mais variados setores, o ser humano pode ser dispensado até do controle e da decisão do ataque, uma vez que passa a reconhecer o material (alvo).
Para isso, basta ensinar à inteligência artificial dos drones e dos robôs as características de um tanque de guerra, uma base militar, veículos, uniformes, entre outros, que o reconhecimento do alvo parte do sistema que vai deferir o ataque, sem a necessidade de um operador ou GPS.
Os sistemas autônomos de combate, equipados com IA, têm o potencial de tomar decisões em frações de segundo, mas a falta de supervisão humana direta pode levar a consequências catastróficas, incluindo erros fatais e escaladas involuntárias de conflitos.
Além disso, a IA pode ser utilizada para desenvolver armas cibernéticas sofisticadas, aumentando o risco de ataques que podem desestabilizar infraestruturas críticas e causar danos em larga escala.
Esses exemplos ilustram as preocupações sobre a desumanização do conflito e o uso ético da tecnologia em situações de guerra. O fator vida, independente da guerra, é pauta nas principais discussões mundiais.
Vozes de Alerta
Vários cientistas e especialistas em tecnologia têm alertado sobre os perigos da utilização de IA em drones e robôs de guerra:
- Stephen Hawking: O renomado físico teórico foi um dos primeiros a expressar preocupações sobre a IA alertando que a criação de máquinas inteligentes poderia representar um risco existencial para a humanidade se não fosse cuidadosamente gerida.
- Elon Musk: O empresário e tecnólogo tem sido vocal sobre os perigos da IA, especialmente no contexto militar. Ele cofundou a organização OpenAI com o objetivo de promover o desenvolvimento seguro da IA e tem financiado pesquisas e iniciativas para regulamentar o uso de IA em armamentos.
- Stuart Russell: Professor de Ciência da Computação na Universidade da Califórnia, Berkeley, Russell é um dos principais especialistas que alertam sobre os riscos associados à IA autônoma. Ele defende a criação de políticas que limitem o desenvolvimento de armas autônomas letais.
- Noam Chomsky: O linguista e filósofo também tem expressado preocupações sobre o uso militar da IA destacando os riscos éticos e as implicações de permitir que máquinas façam decisões de vida ou morte.
Esses são apenas alguns dos cientistas e especialistas que têm chamado a atenção para os potenciais perigos da IA no contexto militar. Eles defendem uma abordagem cautelosa e regulamentada para o desenvolvimento e a implementação dessas tecnologias, visando mitigar os riscos e garantir a segurança e a sobrevivência da humanidade.
Além disso, é crucial iniciar um debate mundial considerando que países sem condições de investimento podem se tornar presas fáceis em conflitos onde tais tecnologias são amplamente empregadas. O verdadeiro propósito na utilização dos drones e robôs, deveria ser a melhoria na qualidade de vida humana e a implementação da paz.
Por Juba Paixão – Diretor de jornalismo da onPost. – publicitário, estrategista em campanha política e empresário de comunicação institucional – detentor da Cruz do Mérito da Comunicação, categoria Comendador, pela Câmara Brasileira de Cultura