6 de outubro de 2024
Vitória, ES, Brasil

Avião Silencioso: Cientistas brasileiros são finalistas no European Inventor Award

A indicação é para a categoria de países não pertencentes à Europa. A edição deste ano teve mais de 550 candidatos, e o anúncio dos vencedores acontecerá no dia 9 de julho, em Malta.

Por Juba Paixão

Micael Carmo e Fernando Catalano, cientistas brasileiros, foram selecionados pelo Escritório de Patentes Europeu (EPO) como finalistas da premiação europeia de inovação.

O European Inventor Award (Prêmio Europeu de Inventor) é um dos prêmios de inovação mais prestigiados da Europa. Lançado pelo EPO (European Patent Office, ou Escritório Europeu de Patentes) em 2006, o prêmio homenageia indivíduos e equipes que desenvolveram soluções para alguns dos maiores desafios de nosso tempo. Os finalistas e vencedores são selecionados por um júri independente composto de ex-finalistas do prêmio.

Já o voto popular está disponível neste link, sendo possível repetir a votação até o dia do evento.

Os dois inventores representam, respectivamente, as equipes da Embraer e dos centros de pesquisa, coordenados pela USP, que participaram dos estudos de soluções e metodologias de engenharia para o desenvolvimento de aeronaves mais silenciosas.

As novas tecnologias contribuíram para reduzir o ruído da nova geração de jatos comerciais da Embraer, o E2, em 65% e a emissão de carbono por passageiro em até 25% quando comparado com a geração anterior. A redução de emissões pode chegar a até impressionantes 85% quando abastecido com 100% combustível sustentável (SAF).

Financiado por meio de uma iniciativa colaborativa entre Embraer, Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), o programa Aeronave Silenciosa foi liderado pela empresa em conjunto com outros centros de pesquisa do Brasil, Inglaterra, Alemanha e Holanda, envolvendo mais de 200 pesquisadores que geraram diversas patentes e importantes contribuições para o desenvolvimento de aeronaves mais eficientes.

Acreditamos fortemente que a colaboração entre empresas e centros de pesquisa pode produzir inovações para melhorar a vida das pessoas

Henrique Langenegger – Engenheiro-chefe Embraer

“É uma imensa honra para a Embraer e toda a comunidade científica brasileira ser representada pelo nosso engenheiro Micael Carmo e pelo professor Fernando Catalano, da Escola de Engenharia de São Carlos (EESC) da USP. Nós acreditamos fortemente que a colaboração entre empresas e centros de pesquisa pode produzir inovações para melhorar a vida das pessoas, e este programa é um grande exemplo disso”, disse Henrique Langenegger, engenheiro-chefe da Embraer.

A indicação destaca as contribuições do programa Aeronave Silenciosa para o desenvolvimento dos jatos E2 da Embraer, que são ideais para operações em lugares com restrição de ruídos, com o objetivo de beneficiar as regiões aeroportuárias densamente povoadas, companhias aéreas e impactar positivamente  comunidades locais.

Os finalistas são escolhidos por um júri independente composto de profissionais já indicados ao prêmio, que avaliam as contribuições das pesquisas para o progresso científico, desenvolvimento social e sustentável e prosperidade econômica. Todos os inventores devem ter patentes registradas.

Estudos liderados por Micael Carmo (esq.) e Fernando Catalano (dir.) levaram a melhorias inovadoras de redução de ruído na nova geração de aeronaves comerciais da Embraer da família E2 – Divulgação/Embraer

Os Cientistas

Micael Carmo é graduado em Engenharia Mecânica e mestre em Acústica. Ele atua no departamento de interiores, ruído e vibração da Embraer há mais de 20 anos e é coinventor de sete patentes relacionadas à redução de ruído aerodinâmico. Esteve envolvido no programa Aeronave Silenciosa desde o início, em 2006.

Fernando Catalano possui amplo conhecimento de aerodinâmica desenvolvido por anos de pesquisa e ensino. Foi professor e ex-chefe do Departamento de Engenharia Aeronáutica da Escola de Engenharia de São Carlos (EESC) da USP, onde iniciou atividades em 1982. Hoje ocupa o cargo de diretor da EESC. Sua pesquisa se concentrou em áreas como projeto de túneis de vento, estratégias de mitigação de arrasto e refinamento da aerodinâmica das asas. Além disso, suas contribuições se estendem ao domínio da aeroacústica experimental.

Aeronave Silenciosa

A Embraer iniciou em 2006 o programa Aeronave Silenciosa para estudar e avaliar a geração e propagação de ruído aeronáutico. Financiado pela Fapesp e Finep, as principais ênfases do programa foram no ruído aerodinâmico gerado pelo fluxo de ar sobre e sob as asas, no trem de pouso e na fuselagem da aeronave, bem como nas fontes de ruído do motor e suas partes móveis.

A pesquisa contou com a colaboração da Escola Politécnica (Poli) da USP, Escola de Engenharia de São Carlos (EESC) da USP, Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Universidade de Brasília (UnB), Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) e Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Além disso, outras quatro instituições internacionais tiveram papel importante no projeto: Universidade de Twente, na Holanda; Imperial College e Universidade de Southampton, ambas na Inglaterra; e o Centro Aeroespacial Alemão (DLR), na Alemanha.

Fonte: Comunicação da Escola de Engenharia de São Carlos
EESC-USP

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