23 de novembro de 2024
Vitória, ES, Brasil

Tecnologia Ciberótica: FDA aprova chip de Elon Musk para restaurar e expandir a visão humana

A aprovação do chip cerebral da Neuralink pela Food and Drug Administration (FDA) é vista como um grande avanço, mas ainda está longe de ser uma cura definitiva para a cegueira.

Por Juba Paixão

A empresa de Elon Musk anunciou em 23 de setembro de 2024 que o dispositivo foi aprovado como um “dispositivo inovador”, uma designação que facilita o processo de avaliação e desenvolvimento. No entanto, muitos desafios permanecem para que essa tecnologia seja aplicada de maneira eficaz e segura.

Em entrevista concedida à sua rede social X (antiga Twitter), Elon Musk comentou que o chip cerebral da Neuralink tem o potencial de restaurar a visão até mesmo para pessoas que perderam os olhos ou o nervo óptico.

Enquanto o córtex visual estiver intacto, permitirá que mesmo aqueles que são cegos de nascença vejam pela primeira vez”, afirmou Musk.

Ele destacou a promessa revolucionária do dispositivo que, em uma fase inicial, a visão proporcionada pelo chip seria de baixa resolução, semelhante aos gráficos antigos de jogos de videogame, como os do Atari.

Musk ainda comparou o dispositivo à tecnologia ficcional usada pelo personagem Geordi La Forge, da série Star Trek, que utilizava um visor especial chamado VISOR para enxergar muito melhor do que a média humana.

Com o tempo, o dispositivo tem o potencial de proporcionar uma visão superior à natural, permitindo ver comprimentos de onda invisíveis ao olho humano, como infravermelho e ultravioleta”, explicou Musk.

A designação de “dispositivo inovador” concedida pela FDA é um reconhecimento de que o projeto tem potencial disruptivo, mas ainda precisa de muitos testes. Segundo o TechCrunch, em 2023, havia 145 dispositivos médicos com essa designação. Desde 2015, mais de mil produtos receberam esse status. O programa voluntário visa acelerar o desenvolvimento de tecnologias médicas transformadoras, proporcionando maior apoio regulatório durante o processo de aprovação, mas sem garantir o sucesso imediato.

Como funciona o chip cerebral

O chip da Neuralink, conhecido como Blindsight, opera a partir de microeletrodos embutidos no córtex visual, que estimulam os neurônios para recriar padrões visuais.

Esse processo é gerado a partir de uma câmera externa, que simula as funções do nervo óptico ou da retina em pessoas que perderam essas capacidades.

A neuroftalmologia no mundo

Embora a Neuralink esteja atraindo atenção mundial, ela não é a única empresa que busca restaurar a visão por meio de interfaces cérebro-computador. Outros esforços ao redor do mundo incluem:

Second Sight Medical Products: criadora do sistema de prótese retinal Argus II, que oferece percepção visual limitada a pessoas com retinite pigmentosa;

Universidade de Melbourne, Austrália: sob a liderança de Arthur Lowery, está desenvolvendo uma prótese cortical para devolver a visão ao estimular o córtex visual diretamente;

CortiCare, Inc.: uma das líderes na utilização de interfaces cérebro-computador para o tratamento de condições neurológicas, incluindo o desenvolvimento de próteses visuais.

Esses projetos, junto com o da Neuralink, reforçam o potencial de revolução na área de neuroftalmologia, embora ainda existam muitos desafios a serem superados antes que soluções viáveis sejam amplamente aplicadas.

O futuro

O desenvolvimento de implantes cerebrais capazes de restaurar a visão oferece um futuro promissor, mas também traz desafios médicos, tecnológicos e éticos. Com a aprovação inicial da FDA, a Neuralink deu um passo importante, mas o caminho até uma solução prática e acessível é longo. A comparação com Geordi La Forge inspira, mas a realidade ainda exige muita cautela, testes clínicos rigorosos e aprimoramentos.

Fontes:

TechCrunch: “FDA Grants Breakthrough Designation for Neuralink’s Visual Prosthesis” (2024)

FDA: Programa de Dispositivos Inovadores

Second Sight Medical Products: “Advances in Retinal Prosthesis”

Universidade de Melbourne: Pesquisa em próteses corticais visuais

CortiCare, Inc.: “Neural Interface Solutions for Visual Impairments”

Previous Article

A História de Yale: o poder da filantropia na inovação educacional

Next Article

Aceleração Digital do Funses 1: oportunidades para climatechs de todo Brasil

You might be interested in …

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *