A Geração Z, composta por jovens nascidos entre o final dos anos 1990 e início dos anos 2010, tem apresentado comportamentos distintos em relação às gerações anteriores.
Um dos traços marcantes é o desejo de evitar raízes, sejam geográficas, emocionais ou profissionais. Muitos não querem se fixar em um lugar, comprometer-se com relacionamentos duradouros ou planejar o futuro de forma tradicional. Essa busca incessante por liberdade, associada a um estilo de vida nômade e despreocupado, traz consigo desafios profundos, incluindo o aumento da solidão e, em casos extremos, o risco de suicídio.
A vontade de explorar e a rejeição a raízes
O desejo de liberdade da Geração Z pode ser compreendido como uma resposta às pressões e às crises globais que enfrentaram desde cedo, como instabilidade econômica, mudanças climáticas e pandemias. Segundo um estudo da Pew Research Center (2023), essa geração prioriza experiências sobre posses, valorizando viagens, mudanças constantes e a exploração de culturas diferentes.
Plataformas digitais e redes sociais, como Instagram e TikTok, também desempenham um papel significativo ao promover estilos de vida nômades como ideais de sucesso e felicidade. O conceito de “viver o presente” ganhou força, afastando jovens de compromissos que possam limitar sua liberdade.
Embora o desejo de liberdade seja positivo em muitos aspectos, ele também pode levar a desafios emocionais. A ausência de vínculos fortes e de uma base fixa muitas vezes contribui para um sentimento de vazio e desconexão. De acordo com um levantamento da American Psychological Association (2022), a solidão entre os jovens da Geração Z atingiu níveis alarmantes: 63% relataram sentir-se frequentemente ou sempre sozinhos.
A falta de laços profundos pode ser um dos fatores que levam a questões graves de saúde mental, como depressão. Estudos apontam que o isolamento social é um dos maiores preditores de comportamentos suicidas, e a Geração Z tem registrado taxas crescentes de suicídio. Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostram que o suicídio é a quarta principal causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos.
O papel das redes sociais
As redes sociais, enquanto facilitadoras de conexões virtuais, também amplificam sentimentos de comparação e inadequação. O ciclo de posts idealizados pode criar uma falsa ideia de felicidade baseada em estilos de vida nômades e sem compromissos, dificultando a formação de raízes e relações genuínas.
Apesar do desejo de liberdade ser legítimo, é essencial que os jovens encontrem formas de equilibrar a exploração com a construção de vínculos significativos. A estabilidade emocional e social não precisa ser vista como um impeditivo à liberdade, mas sim como uma base para crescer. Investir em relações profundas e duradouras, seja com amigos, familiares ou comunidades, pode ser a chave para combater a solidão.
O comportamento da Geração Z reflete os desafios e as oportunidades de um mundo em transformação. Entretanto, a rejeição total às raízes pode trazer consequências emocionais graves. Encontrar o equilíbrio entre liberdade e conexão é essencial para garantir o bem-estar mental e emocional dessa geração. Como sociedade, devemos acolher e apoiar esses jovens, oferecendo-lhes recursos para lidar com a solidão e incentivando a construção de laços genuínos e duradouros.
Por Juba Paixão – Jornalista, publicitário e empresário de comunicação institucional – detentor da Cruz do Mérito da Comunicação, categoria Comendador, pela Câmara Brasileira de Cultura.
Fontes:
Pew Research Center (2023): Estudos sobre comportamentos da Geração Z;
American Psychological Association (2022): Relatório sobre solidão e saúde mental;
Organização Mundial da Saúde (OMS): Estatísticas sobre suicídio entre jovens;Turkle, Sherry. Alone Together: Why We Expect More from Technology and Less from Each O