6 de outubro de 2024
Vitória, ES, Brasil

Ciência na queda capilar: avanços com vasodilatadores e o transplante capilar

A alopecia, ou queda de cabelo, continua a ser um dos problemas estéticos mais prevalentes em todo o mundo.

Por Juba Paixão

Estima-se que 80% dos casos de alopecia tenham origem genética, e outros 10% resultem de fatores como deficiências nutricionais, medicamentos ou distúrbios hormonais. Entre os tratamentos mais difundidos para combater a calvície, o Minoxidil se destaca, sendo amplamente utilizado há décadas.

O Minoxidil, cujo princípio ativo é um vasodilatador originalmente desenvolvido para tratar hipertensão, foi inicialmente descoberto nos Estados Unidos, durante os anos 1970, pela empresa farmacêutica Upjohn Company (agora parte da Pfizer). Durante os testes clínicos, notou-se que os pacientes que usavam o medicamento apresentavam crescimento capilar, levando à formulação tópica usada até hoje para o tratamento da calvície.

A Dra. Melina Oliveira, especialista em transplante capilar, destaca que esse tipo de medicamento, embora tenha sido aprovado inicialmente para hipertensão, o uso tópico para queda de cabelo revolucionou o mercado de tratamentos capilares.

O Minoxidil e outros medicamentos com o princípio ativo de vasodilatador prolongam a fase anágena, a fase de crescimento dos folículos capilares, tornando-se eficazes para a maioria dos pacientes que ainda possuem folículos ativos, que são as raízes dos cabelos”, explica Melina.

Além do Minoxidil, outro tratamento amplamente utilizado para alopecia androgenética é o Finasterida, um medicamento que inibe a enzima 5-alfa redutase, responsável pela conversão da testosterona em DHT (dihidrotestosterona), o principal hormônio envolvido na miniaturização dos folículos. Diferente do Minoxidil, que estimula o crescimento capilar, a Finasterida atua diretamente na prevenção da queda, bloqueando o efeito hormonal.

Estudos conduzidos por George Cotsarelis, professor de Dermatologia na Universidade da Pensilvânia, sugerem que a combinação de Minoxidil e Finasterida pode ter um efeito sinérgico em certos pacientes, controlando tanto a queda quanto estimulando o crescimento de novos fios.

Outros tratamentos experimentais estão em desenvolvimento, como o uso de inibidores da JAK (janus quinase) para tratar a alopecia areata, uma condição autoimune em que o sistema imunológico ataca os folículos capilares.

Transplante capilar

Dra. Melina lembra que o transplante capilar, por sua vez, é considerado a melhor opção para casos mais avançados de calvície, onde os tratamentos medicamentosos não são eficazes. Essa técnica foi desenvolvida inicialmente na Coreia do Sul nos anos 1930, mas o método moderno de transplante capilar, conhecido como transplante de unidades foliculares (FUT), foi popularizado nos Estados Unidos pelo Dr. Norman Orentreich na década de 1950.

No transplante capilar, retiramos folículos saudáveis de áreas doadoras, geralmente a parte posterior da cabeça, e os realocamos nas áreas calvas. Essa técnica evoluiu significativamente, com métodos como a Extração de Unidades Foliculares (FUE), que é menos invasiva e oferece resultados mais naturais”, pontua a Dra. Melina.

O Minoxidil e o transplante capilar continuam cercados por mitos. Muitas pessoas acreditam que o Minoxidil pode ser aplicado em qualquer parte do corpo para gerar crescimento capilar. No entanto, isso não é verdade. Como esclarece a Dra. Melina.

 O Minoxidil só funciona onde há folículos capilares viáveis. Em áreas onde os folículos já foram destruídos pela calvície, o medicamento não terá efeito”, ressaltou.

Outro mito comum é que o uso de Minoxidil agrava a queda de cabelo inicialmente. Segundo estudos clínicos, esse efeito é temporário, ocorrendo nas primeiras semanas de uso. O medicamento acelera o ciclo de crescimento capilar, o que pode causar uma queda mais acentuada no início, mas que se estabiliza com o tempo.

Combinando tratamentos medicamentosos como o Minoxidil e a Finasterida, e técnicas cirúrgicas avançadas de transplante capilar, a ciência continua avançando no tratamento da calvície.

Cada caso é único, e a combinação certa de tratamentos depende da avaliação de um especialista”, afirma a Dra.

Com pesquisas promissoras sobre medicamentos como os inibidores da JAK e o desenvolvimento de tecnologias para clonagem de folículos capilares, o futuro parece promissor para quem sofre de alopecia.

Fontes:

Associação Brasileira de Cirurgia da Restauração Capilar (ABCRC)

Estudo de George Cotsarelis, Universidade da Pensilvânia

FDA (Food and Drug Administration) sobre aprovação do Minoxidil Entrevista com a Dra. Melina

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