A Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), em parceria com o governo estadual, está liderando uma pesquisa pioneira para investigar o vírus Oropouche e estratégias de controle de seu vetor no Espírito Santo.
Por Juba Paixão
O anúncio foi feito em uma cerimônia no Palácio Anchieta, com a presença do reitor Eustáquio de Castro e do governador Renato Casagrande.
O estudo será conduzido por meio de uma colaboração entre a Secretaria de Estado da Saúde, o Laboratório Central de Saúde Pública do Espírito Santo (Lacen), o Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), o Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal do Espírito Santo (Idaf) e a Ufes, através do Núcleo de Doenças Infecciosas (NDI), sob a coordenação do professor Daniel Gomes. O projeto será financiado e gerenciado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Espírito Santo (Fapes).

O professor Rodrigo Rodrigues, pesquisador da Ufes e coordenador do Lacen, explicou que a pesquisa será dividida em dois eixos principais:
- Estudo da biologia do vetor: este eixo visa compreender melhor o mosquito transmissor, identificando outros insetos que possam atuar como vetores do Oropouche;
- Análise clínica e imunológica: focado nos pacientes, este segmento buscará entender os mecanismos imunológicos e patológicos associados à infecção pelo vírus, incluindo a avaliação de dados clínicos, hematológicos e o impacto no fígado, órgão frequentemente afetado pelo Oropouche.
O professor Rodrigues destacou a importância de obter dados detalhados sobre a replicação do vírus em humanos e padrões hematológicos, informações essenciais que ainda são escassas. A expectativa é que, ao longo dos dois anos de duração do projeto, esses insights possam orientar estratégias de tratamento e mitigação de efeitos mais graves da doença.
Além da pesquisa, foi anunciada a criação do Centro Integrado de Comando e Controle das Arboviroses, uma iniciativa estratégica para enfrentar o aumento dos casos de dengue e Oropouche no estado. A Ufes contribuirá ativamente com este centro, que tem como objetivo coordenar, de forma integrada, ações de monitoramento, análise epidemiológica e respostas às arboviroses no Espírito Santo.
O governo estadual está investindo R$ 635 milhões em novos projetos e melhorias no Sistema Único de Saúde (SUS) nos próximos dois anos. Este investimento inclui a construção de Centros de Especialidades Odontológicas (CEO), Centros de Atenção Psicossocial (Caps), a conclusão de 108 Unidades Básicas de Saúde (UBS) e a aquisição de novas ambulâncias e veículos para transporte eletivo.
O vírus Oropouche é transmitido principalmente pelo inseto Culicoides paraensis, conhecido popularmente como maruim. Os sintomas da infecção são semelhantes aos da dengue e chikungunya, incluindo febre, dor de cabeça, dores musculares e articulares. Atualmente, não há tratamento específico para a doença, sendo o manejo focado no alívio dos sintomas.
Este esforço conjunto entre a Ufes e o governo do Espírito Santo representa um avanço significativo na pesquisa científica e no combate às arboviroses, visando proteger a saúde da população capixaba.
Fontes:
Universidade federal do Espírito Santo (Ufes)
Comunicação Institucional da Fapes
Governo do Estado