Uma inovação do engenheiro químico mexicano Sergio Jesús Rico Velasco está revolucionando o uso da água na agricultura, especialmente em regiões com escassez hídrica.
Por Juba Paixão
Sua criação, a “Lluvia Sólida” ou “Chuva Sólida”, é um polímero biodegradável de acrilato de potássio, capaz de absorver até 400 vezes o seu peso em água.
Este material forma um gel que retém a umidade por semanas, permitindo um aproveitamento muito mais eficiente da água, tanto em irrigação quanto na chuva natural.
O polímero, inicialmente desenvolvido para fraldas descartáveis, foi adaptado por Velasco para uso agrícola, potencializando a retenção de água no solo. Isso contribui para a redução do consumo de água em até 90%, o que é fundamental em regiões áridas e semiáridas. Além disso, o produto é inofensivo ao meio ambiente e tem aplicabilidade em diversos tipos de cultivo e jardinagem, promovendo uma irrigação sustentável.
Esta tecnologia oferece uma solução prática e ecológica, que pode transformar o modo como as plantações são irrigadas, trazendo benefícios tanto para a economia de água quanto para a produtividade agrícola em regiões críticas.
Como funciona?
A “Chuva Sólida” se ativa quando entra em contato com a água, transformando-se em um gel capaz de manter a hidratação das plantas por até 45 dias, dependendo das condições climáticas. Isso permite um aproveitamento muito mais eficiente da água, tanto de irrigação quanto da chuva.
Ao absorver e armazenar a água, o gel libera-a lentamente para as plantas, à medida que elas necessitam.
Esse processo pode resultar em uma economia de água de até 90%, segundo a empresa Lluvia Sólida, que comercializa o produto.
Aplicações e benefícios
A “Chuva Sólida” pode ser usada em diversos tipos de culturas agrícolas e até na jardinagem urbana. Seus principais benefícios incluem:
Redução do consumo de água: a capacidade de retenção de água permite que menos água seja utilizada em cada ciclo de irrigação.
Maior resistência à seca: plantas cultivadas com o polímero podem suportar melhor períodos de estiagem, já que o gel libera água gradualmente.
Sustentabilidade: por ser biodegradável e inofensivo, o polímero não causa danos ao meio ambiente, sendo uma solução ecologicamente correta.
Casos de sucesso
A tecnologia já foi testada em diversas regiões áridas do México, onde houve uma melhora significativa na produtividade agrícola. Por exemplo, agricultores que enfrentam longos períodos de seca no estado de Baja California usaram a “Chuva Sólida” para manter suas plantações irrigadas por mais tempo, resultando em safras mais produtivas e uma redução substancial no uso de água.
Em cultivos de milho, foram registrados aumentos de produtividade de até 300%.
Perspectivas para o futuro
Essa tecnologia pode ser particularmente útil em regiões do Brasil com desafios hídricos, como o semiárido nordestino. A aplicação da “Chuva Sólida” nessas áreas tem o potencial de garantir maior resiliência à agricultura familiar e comercial, reduzindo a dependência de sistemas de irrigação tradicionais e o impacto de longos períodos de estiagem.
Empresas brasileiras estão de olho na tecnologia, e iniciativas semelhantes podem emergir localmente para aprimorar a eficiência hídrica no campo.
Avanços tecnológicos no setor
Além da “Chuva Sólida”, outras inovações tecnológicas estão sendo implementadas no setor agrícola. A startup brasileira Fertisystem, especializada em soluções agrícolas, também explora novas maneiras de otimizar o uso da água.
No Espírito Santo, o Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) já testa tecnologias para reduzir o consumo de água em plantações locais, promovendo uma agricultura mais sustentável e eficiente.
Essa revolução na forma de irrigar pode não apenas preservar recursos hídricos, mas também garantir a segurança alimentar e a sustentabilidade ambiental nas próximas décadas.
Referências:
Lluvia Sólida – Empresa desenvolvedora da tecnologia – https://www.lluviasolida.com
Fertisystem – Soluções agrícolas no Brasil – https://www.fertisystem.com.br
